Recentemente, estive presente em eventos promovidos pela Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (SONAFE), e pude mais uma vez ver a força do marketing e do mercado para vender produtos desnecessários aos atletas. Como sempre, os alvos são os atletas amadores. Que representam a gigantesca maioria nos esportes competitivos. Em 2015, a tal kinesio-tape já tinha caído por água abaixo. E os estudos continuam mostrando que não existe nenhuma evidência de que as fitas elásticas podem ajudar na recuperação de atividades físicas. Agora foi a vez das botas de CPI (compressão pneumática intermitente).
O marketing em volta do produto é clássico, os “atletas de ponta” são pagos para promover o produto, e nós; atletas amadores seguimos cegamente o que o atleta profissional faz, ou usa. Não só isso, temos orgulho de expor nossas fotos com a bota de CPI nas redes sociais. Mas será que elas funcionam, ou é um mercado violento querendo ganhar dinheiro?
Bom, os artigos científicos mostram que a bota não é tão eficiente quanto ela diz… Apenas 2 artigos mostraram evidência. Justamente os 2 artigos que eram pagos pelas marcas produtoras desse produto. É pois é, totalmente tendencioso. Os demais artigos mostram que comparando as botas vs massagem; A massagem promovia maior recuperação para os atletas após as atividades. Sim! A massoterapia, técnica super antiga, é mais eficiente do que a tecnológica bota. E quando o assunto foi comparar as botas vs grupo placebo, não foi possível notar diferença significativa no resultado.
Ou seja, não compre uma bota de CPI para ajudar na sua recuperação após atividades físicas. E sim, contrate um serviço de massoterapia que os resultados serão melhores, e reais. Meu treinador de triatlo, Roberto Lemos, uma vez me falou uma frase que me marcou. Ele disse “…antes de investir no equipamento, invista no atleta…”. Claro que é importante investir no equipamento, mas atualmente, em épocas que todos investem alto em ter o último Iphone, o último Garmin (relógio com GPS, …), a última geração de bike; Certamente, nós vemos as pessoas esquecerem de investir em treinos, em treinador, em fisioterapeuta, massoterapeuta, alimentação, nutricionista, trabalho de prevenção de lesões, entre outros serviços que deveriam ser prioridade. Não deixe as grandes marcas te enganar.
por Thales Cavallazzi da Silva, atleta e fisioterapeuta da Cavallazzi Fisioterapia.